Química mineral em biotita e piroxênio de granulitos máficos, félsicos e aluminosos da área de Vila Cruzeiro do Sul, Domínio Bacajá, Província Transamazonas

Abstract

A área de Vila Cruzeiro do Sul está inserida no Domínio Bacajá, parte sul da Província Transamazonas, porção centro-leste do estado do Pará. Compreende terrenos constituídos por rochas de alto grau metamórfico (gnaisses, granulitos, migmatitos, granitóides e rochas charnockíticas) paleoproterozóicas e arqueanas retrabalhadas durante o Ciclo Transamazônico, de idade entre 2,26-1,95 Ga. A tectônica é transcorrente, com zonas de cisalhamento continuas e paralelas, evidenciando deformação dúctil com cinemática ora dextral ora sinistral. Este trabalho envolve a caracterização químico-mineralógica em biotita e piroxênio de granulitos máficos (ortopiroxênio + clinopiroxênio + plagioclásio ± granada), granulitos félsicos (biotita + plagioclásio + quartzo ± feldspato potássico ± ortopiroxênio com ou sem granada) e granulitos aluminosos (cordierita + granada + feldspato potássico ± sillimanita) pertencentes à Unidade Granulito Novolândia, visando à classificação dos minerais e estimar as condições de temperatura e pressão reinantes na área durante o metamorfismo. As biotitas analisadas posicionam-se no campo de classificação da flogopita e annita. No granulito máfico, a biotita é essencialmente do tipo flogopita, enquanto que no granulito aluminoso (kinzigito) a biotita é predominantemente annita com pequena variação para flogopita. O granulito félsico varia entre flogopita e annita, com maior predominância na fase flogopita. Tais amostras encontram-se agrupadas no campo das biotitas originadas a partir de processos metamórficos. Os cristais de piroxênio presentes nos granulitos máficos e félsicos encontram-se distribuídos entre augita e enstatita, com predominância de ferrosilita nos granulitos máficos. Temperaturas variando entre 809-888 °C e pressões entre 6,0 e 7,0 Kbar foram estimados para piroxênios presentes nos granulitos máficos. Já os cristais de piroxênio nos granulitos félsicos indicaram temperaturas de 794-854 °C e pressões 5,9 – 6,0 Kbar. Para os granulitos aluminosos os cálculos de temperatura resultam em valores da ordem de 868-948°C com pressões que variam de 4,5-6,9 Kbar. Portanto, dados obtidos demostram que as condições de metamorfismo na área se deram em temperatura alta e pressões intermediárias, com pico metamórfico de 860 ± 30°C com pressão de 6.3±0,7 Kbar